segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Os desafios dos relacionamentos contemporâneos


“O amor nunca morre de morte natural. Ele morre porque não sabemos como renovar a sua fonte. Morre de cegueira e dos erros e das traições. Morre de doença e das feridas; morre de exaustão, das devastações, da falta de brilho.”
 Aglair Grein-psicanalista

O relacionamento só existe com a participação de duas pessoas e portanto, depende de ambas para se fortalecer ou se extinguir.  Sempre que duas pessoas se encontram, algo novo passa a existir, um novo fenômeno é criado, e esse fenômeno chamamos de relação.
Quando a relação acontece, ela indubitavelmente, muda e transforma as duas pessoas, ao se relacionar ficamos diferentes, algo novo entra em jogo. Ao mesmo tempo que duas pessoas criam um relacionamento, elas também são criadas por ele, de forma que ele age sobre nosso comportamento, emoção, intelecto e projeto de vida.
Isso não é abstrato, sentimos na prática as mudanças. Um relacionamento tem o poder de nos aperfeiçoar e nos permite dar o nosso melhor, a função de relacionar-se é essa, nos fazer crescer emocionalmente.
Entretanto, não é uma mudança simples, nem sempre tranquila, pois são dois mundos diferentes que se encontram para formarem algo comum e único e isso é muito complexo. Cada pessoa carrega consigo um longo passado e muitos planos para o futuro, passado que incomoda e planos de uma vida idealizada a partir de fantasias. Esses são os principais obstáculos nos relacionamentos, principalmente no mundo contemporâneo, já que todos estão mais inflexíveis e menos dispostos à mudanças em prol de outra pessoa ou de um relacionamento.
Não é segredo, portanto, que no mundo em que vivemos as pessoas acabam se tornando cada vez mais descartáveis. Quando uma pessoa não nos satisfaz mais, não supre as nossas necessidades individuais nos afastamos, substituímos por outra, e assim vamos criando laços afetivos cada vez mais superficiais e insignificantes. Não se procura aprender com o relacionamento e com a pessoa que está ao nosso lado, simplesmente não abrimos mão de conceitos fixos, que acabam nos levando sempre ao mesmo lugar: infelicidade e incompletude.
Por isso relacionar-se acaba sendo mais complicado do que imaginamos. E por isso também as pessoas acabam com medo de se entregar a uma relação verdadeira, medo das mudanças, da intimidade e medo de toda sua fantasia cair por terra.

O mundo em que vivemos está dando cada vez mais importância á individualidade, ao egocentrismo e esquecendo que somos seres relacionáveis, e isso significa que precisamos nos relacionar, e uma relação completa, íntima e que possibilite a nossa evolução como seres capazes de amar verdadeiramente é isso que os relacionamentos precisam, capacidade de amar, sem egoísmo!

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Alegrias do dia a dia


Estamos constantemente numa corrida em busca de várias coisas, coisas estas que achamos que nos faltam, coisas que muitas vezes nem sabemos o que é e porque queremos, coisas que não sabemos de onde vem e nem o que mudariam em nossas vidas. A verdade é que vivemos numa busca implacável. Mas será que conseguimos viver plenamente em meio a essa busca? Será que conseguimos prestar atenção nas nossas conquistas diárias no decorrer dessa corrida para onde quer que seja?
Estas perguntas devem nos fazer pensar quando passamos longos períodos das nossas vidas olhando para o futuro, sempre à espera de algo, sempre à procura de algo. Sempre esperando que algo de maravilhoso aconteça para assim podermos ser felizes.
Mas que ironia, a cada novo dia vemos pessoas mais infelizes, mais descontentes com suas vidas, mais adoecidas e buscando alívio em medicamentos e outras drogas. Em virtude disso devemos nos questionar que busca é essa? Para onde ela está nos levando? Acredito, pelos fatos, que estamos numa busca errada, buscar sentido em coisas e questões externas não supre a necessidade interna de amor, paz, felicidade e sentido de vida.
Tentar encontrar a felicidade no meio externo nos leva à uma busca constante por algo que não conhecemos e não sabemos se existe. Por isso nunca encontramos, estamos procurando no lugar errado, algo que está muito mais perto, algo que está dentro de cada um. O sentido da vida, a motivação, o bem estar e a felicidade estão dentro de nós, esperando por serem encontrados e colocados em prática, aguardando para virem à tona, para assim fazerem nossos dias mais leves, nossos problemas mais brandos e nosso sorriso mais constante.

Carpe Diem!
Pamalomide Zamberlan
Psicóloga CRP: 07/18262
Texto publicado no jornal A Hora do Vale - 09/07/2013

sexta-feira, 12 de abril de 2013

A difícil percepção do tempo



 “Os dias talvez sejam iguais para um relógio, mas não para um homem.”
Marcel Proust

O relógio já é parte de nossa vida e de nós mesmos.  Atualmente organizamos nossas atividades em função dele, o tempo tem se tornado um norteador e sinalizador das nossas ações, ele nos impulsiona, nos apressa e nos impõe limites na nossa rotina.
É muito interessante como cada pessoa é capaz de sentir e relacionar-se com o tempo de forma diferente e muito peculiar, e esse modo perceptivo varia conforme os dias e também conforme nossas emoções. Sabemos que nossas emoções são a base para a nossa sustentação em vários aspectos, mas são elas também que interferem na percepção que temos do tempo.  Quando estamos felizes e fazendo algo prazeroso mal vemos o tempo passar, ele se torna coadjuvante, no entanto, quando estamos em meio a situações difíceis e angustiantes tendemos a encarar o tempo como um inimigo que demora a passar, depositando nele toda a esperança para uma situação melhor.
A capacidade de interpretar uma sensação, no caso a sensação do tempo, é desenvolvida a partir de experiências prévias e é aperfeiçoada com o passar das idades. Por isso temos a impressão de que quando éramos mais novos o tempo passava mais lentamente e quanto mais idade adquirimos nossa percepção acelera o tempo.
Pensando na pressa contemporânea, muitas vezes invejamos civilizações antigas ou tribos distantes,  que não organizam suas vidas em função de um aparelho que faz tic-tac, mas sim regem suas atividades a partir do tempo da natureza. O sol, a lua e as estrelas guiam e orientam a sensação de tempo que é percebida de forma mais natural sem a pressão de ver os instantes calculados em minutos e segundos passarem depressa.